Passada mais uma rodada cheia de tropeços dos grandes, só pra variar, a demissão de técnicos passa a ser vista, especulada ou pedida como a solução para os problemas do mundo. Tite, Luxemburgo e Felipão são as bolas da vez.
Para ter uma ideia sobre o que pensam as torcidas de Corinthians, Flamengo e Palmeiras sobre as possíveis demissões de seus técnicos, apelei para uma breve enquete no Twitter. Após mais de 100 respostas, os resultados foram, resumidamente, os seguintes.
A grande maioria dos corintianos é pela permanência de Tite. Em relação a Luxemburgo, há uma divisão entre os flamenguistas, embora a maior parte tenha votado pela sua saída. Por fim, foi praticamente unânime (com exceção de um único voto) a posição dos palmeirenses pela permanência de Felipão.
Para não exagerar na extensão do post, trato agora sobre Felipão, deixando Luxemburgo para um próximo texto. Sobre Tite, o líder do Brasileirão (onde todos são irregulares, não apenas o Corinthians), não acho que haja muito o que desenvolver em relação à coerente preferência dos corintianos.
Felipão: "Tu imagina se eu tivesse um centroavante que faz gol? Unzinho!"
Sobre Felipão: ele parece ter sua demissão pedida apenas por meia dúzia de torcedores organizados (para mim, sempre com motivações dúbias) munidos de uma latinha de spray. Porque não é difícil entender a posição da maioria dos palmeirenses comuns, sem interesses políticos ou mesmo financeiros.
A 9 pontos da liderança, o Palmeiras ocupa hoje a 8ª colocação no campeonato, posição que parece mais ou menos condizente com o elenco que Felipão tem à disposição.
E embora os resultados não tenham chegado nas últimas rodadas, o técnico também pode argumentar que tem feito o time jogar mais do que os resultados fazem crer. Porque a equipe está há quatro jogos sem vencer, mas foi melhor (leia-se, criou mais chances) que seus adversários em três delas, contra Cruzeiro, Atlético-PR e Internacional.
O jogo contra o Inter foi emblemático: o Palmeiras teve 58% de posse de bola contra 42% do Internacional. Finalizou 26 vezes, contra 9 do rival. Mas tomou três gols de um centroavante como Leandro Damião, justamente o que lhe faltou para definir na partida (aliás, meio Leandro Damião lhe bastaria).
O problema tem sido recorrente, tanto que o time de Felipão é o que mais finaliza a gol em todo o Campeonato Brasileiro, embora tenha apenas o 13º melhor ataque do torneio. Ou seja: o Palmeiras joga bem (até melhor do que deveria pelos jogadores que tem), mas não marca.
Pelo que tem jogado, não é exagero dizer que a solução dos problemas palmeirenses, pensando no futuro, pode não ser tão complexa. Um investimento certeiro bastaria. Justamente porque Felipão montou um time onde não havia.
Some-se a isso que seus dois melhores jogadores, Kléber e Valdívia, por causa de lesões, convocações, propostas ou cartões estúpidos, atuaram juntos em apenas 8 dos 23 jogos do time no Brasileiro. A dupla que tecnicamente poderia fazer diferença em campo atuou, portanto, em pouco mais de um terço dos jogos. No Palmeiras de hoje, não há quem decida.
Pode-se argumentar que o técnico dispensou Wellington Paulista sem lhe dar sequer uma chance jogando como centroavante? Sim. Mas ainda que tenha sido um erro (não estamos falando de Ibrahimovic…) ele é pequeno perto da relação custo-benefício (o termo da moda no Palmeiras) de Felipão, que, apesar de seu gordo salário, ainda acumula no clube muitas das funções que deveriam caber a sua omissa diretoria.
Minha impressão? Sem Felipão, o Palmeiras desabaria. Simples assim.